Entrega-me,
A
paz que necessito,
Para
enfrentar as realidades que se apresentam,
No
meu caminhar diário, sem no entanto fechar os olhos,
Aos
males que teimam em existir ainda neste lugar.
Entrega-me,
A
tolerância,
Para
que entenda melhor, porque são arremessadas pedras,
Em
vez de ternos sinais de amizade, mais simples de devolver,
Como
desejava eu entender, porque se valoriza tanto o mal,
Quando
os gestos de bem ficam por valorizar.
Entrega-me,
A
maré,
Que
transporte para longe os meus medos,
Dá-me
o braço de um rio, que leve até á foz,
Os
receios que trago comigo, as sombras que se me possam juntar,
Os
temores de nunca ter tentado, apenas por receio de falhar.
Entrega-me,
A
paciência,
De
escutar a vozes que o vento transporta,
Em
forma dura de entregar, dizendo-me que em tudo existe,
Um
conhecimento por encontrar,
E
porque não, uma alma solitária que precisa do meu escutar.
Entrega-me,
A
luz,
Do
conhecimento, que me permita continuar,
A
degustar o sabor do entender quem nunca deverei julgar,
Afinal
quem tem esse mesmo direito,
Só por certo quem na vida, nunca se atreveu a errar.
Entrega-me,
O
calor,
De
tudo que chega de ti por afecto,
Mesmo
a vida entregue sem hesitar, para nossos males cuidar,
As
conversas de ensinança ainda não escutadas,
Por
aqueles que tudo julgam saber, sem no entanto nada segurar.
Entrega-me,
A
sensibilidade,
De
não fechar os olhos aos muros da injustiça,
Daqueles
que muito podem mudar e que nada fazem por isso,
Recordando
o conhecimento que nesta orbe pequena,
Colocas
de vez em quando, ternos anjos de outros lugares.
Entrega-me,
O
grito,
Para
que eu possa gritar bem alto,
Que
não tenho receio de ser ou mostrar,
Que
de ti teimo tanto, tanto gostar,
Meu
amigo, meu irmão, pedaço colossal de um santo lugar.
Entrega-me,
A
coragem,
Para
encontrar o meu caminho sem me desviar,
E
que na hora da minha morte,
A
tua eterna aliança, me possas restituir,
Em
forma dessa luz imensa e indescritível que me passará até sacro lugar.
Eduardo
Jorge em 03 de Outubro de 2008