Deixo ao cuidado do vento,
As palavras que deixei por dizer,
Palavras de gostar ou mesmo de amar,
Palavras meigas e sentidas,
Que um dia não fui capaz de as dizer,
Ou palavras que não deveria nunca pronunciar,
Ou mesmo aquelas que fui capaz de as falar.
Deixo ao cuidado do vento,
As palavras que não saíram,
As palavras que ficaram por dizer.
Deixo ao cuidado do vento,
Os olhares que tudo disseram,
E que tudo souberam falar,
As expressões que tudo querem dizer,
No silencio das palavras,
Encontrei rasgos de coragem,
Rasgos de uma solidão então acompanhada.
Deixo ao cuidado do vento,
Palavras de ternura, palavras de entrega,
E até gritos de injustiças,
Palavras que não tenho de as dizer nem julgar,
Pois que os julgamentos,
Só a quem nunca errou, podem pertencer.
Eduardo Jorge - 20 de Junho de 2008