Adeus, meu amor, adeus!
Aqui me deixas tão triste,
Desiludida e tão só!
Por que foste embora assim,
Sem desatares o nó
Que se fechou dentro de mim?
Sei que nada é para sempre,
No entanto, por que é que a gente
Não se acostuma às partidas?
A tantas vindas e idas?
A implacáveis despedidas?
Ah, não sei mais o que fazer
Pra tocar a vida em frente,
Pra te arrancar do meu peito!
Pois meu corpo ainda tão rente
Do teu corpo, no meu leito,
Rumina a fantasia
De ser teu mais uma vez.
Encho minhas noites vazias
Com nosso amor tão perfeito...
Dispo minha timidez,
Visto-me com tua ausência
E satisfaço carência...
Digo do adeus que dissemos:
Por amor, a maior dor
Que por alguém já sofri.
Não há mágoa, indiferença,
Nem tampouco raiva em mim,
Somente esse grande amor
Não esgotado até o fim.
Agora esse sofrimento
Transforma-se no epicentro
Da minha maior agonia:
Amar-te, em sonhos, nas noites,
Perder-me dia após dia...
HELEN DE MORAES
(Rio de Janeiro, BR)