Não é tanto o teu sorriso
Que encanta, nem tua mão
De perfeita simetria e poder de força/
É esse olhar, golpe certeiro de ave de rapina
Falcão faminto rasgando entranhas/
Mergulhando na alma
Num gesto ímpar de invasão e posse,
Trucidando a razão primeira,
Deitando ao chão valores antigos, inúteis/
E eu, mais que presa, nada faço
Para fugir do teu encanto que cega e domina/
Baixo a cabeça resignada ao teu desejo que
consome,
Mas resgata o brilho perdido do olhar
E o sorriso largo dantes findo/
E assim adentras meus segredos e leva-me
em êxtase/
Para ti e como fauno profano em libido,
Consciente do próprio desejo,
Perpetua em mim tua espécie
Joana Prado